Logística Reversa: o que é? Como funciona?

Marcelo Pimentel

Jornalista formado na PUC/RJ com 25 anos de atuação em veículos especializados em alimentos, agricultura e pecuária.



A Logística Reversa também conhecida pelo Logística Inversa, é uma área da logística com foco no retorno de materiais já utilizados para o processo produtivo, onde se busca reaproveitar materiais ou ainda realizar o seu descarte de forma apropriada com o intuito de colaborar para a preservação ambiental.

Quando uma empresa consegue atuar dentro de um processo de logística reversa de forma lucrativa, ela está atingindo a sustentabilidade econômica e ambiental do seu negócio.

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O que é Logística Reversa

A legislação brasileira cuida do assunto da logística reversa em sua Lei  12.305, de 2 de agosto de 2010. Na chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos, é possível encontrar, na disposição do artigo 3, a definição sobre o tema, que aborda que a logista reversa atua social e economicamente com procedimentos que se destinam à viabilização da coleta e da restituição dos resíduos sólidos à área empresarial, com o objetivo de reaproveitar ou dar um outro destino adequado.

A definição de logística reversa se trata do conjunto de estratégias e ações para recolher e dar uma destinação adequada a materiais que foram obtidos através de algum processo de produção.

O conceito de logística reversa baseia-se principalmente em uma soma de processos e seus respectivos meios de implementação, que sejam capazes de captar e dar destinação adequada em produtos, no processo conhecido como pós-venda ou pós-consumo, para que tais resíduos possam ser reaproveitados novamente no setor industrial. Em caso de condições nao reaproveitáveis, a logística reversa deve, então, oferecer uma destinacao adequada a esse produtos.  

Tal concepção ganhou espaço no Brasil após o engajamento causado pela própria Política Nacional de Resíduos Sólidos, que objetiva legislar e controlar a distribuição de resíduos, como forma de criar sistemas sustentáveis. Entre  as determinações previstas em lei, estabeleceu-se uma resolução conjunta, que engloba não só os fabricantes, mas também os importadores, distribuidores e responsáveis por vendas no comércio direto ao consumidor final. A responsabilidade pela logística reversa passou a ser de todos os envolvidos.

Ainda, dentro do que estabelece a própria lei, ações que visem a sustentabilidade e a  redução no volume de resíduos sólidos e rejeitos devem ser fomentadas tanto pelo governo como por empresas privadas, incentivando e colaborando para uma sociedade mais limpa e saudável.

Sistema de Logística Reversa

Atualmente, esse tipo de operação pode ser implementado para as mais diversas necessidades, através de sistemas preparados para coletar e receber o material.

Relevância da Logística Reversa

Os projetos que visam manter o equilíbrio entre a atividade empresarial e a natureza resultam em diversos benefícios para os empreendimentos que buscam aproveitar essa oportunidade.

Através de um potencial de redução de custos, o caráter financeiro da logística reversa pode ser dividido em duas áreas, sendo elas o aumento da lucratividade e economia de recursos.

O mercado muitas vezes deixa de arrecadar milhões pelo desperdício de material e a não implementação de sistemas adequados. Os gastos para que esse tipo de operação permaneça em funcionamento são elevados e há dificuldade em adequar os elos da cadeia para essa nova realidade, pois falta treinamento em algumas áreas.

O retorno de produtos e embalagens ainda é prejudicado pela ausência de gerenciamento apropriado, escassez de locais licenciados para o tratamento e descarte e ausência de incentivos para os empreendedores.

São poucos os empreendimentos que se dedicam a criar aterros legalizados, usinas de tratamentos e locais para a incineração de produtos, o que resulta no encarecimento de toda a operação.

Além do impacto econômico, existe uma significativa necessidade de melhoria do processo produtivo. Sob esse ponto de vista, é preciso investir em pesquisa para determinar o ciclo de vida de cada produto e seus componentes.

Com isso, também é possível criar diretrizes para o tratamento dos resíduos, adaptar a produção e modificar o fluxo de distribuição.

Os sistemas de logísticareversa, na prática, são realizados por meio de coleta, reutilização, reciclagem, tratamento e/ou disposição final dos resíduos surgidos depois do consumo de diversos produtos – seja ele já sem serventia ou embalagens descartadas.

Eles colaboram para uma consciência ecológica social e um melhor relacionamento com a própria sociedade. É possível um crescimento econômico equilibrado através do reabastecimento do ciclo produtivo, o reaproveitamento de peças e equipamentos, o reparo de mercadorias com defeito pelo fabricante, o desenvolvimento de embalagens recicláveis e retornáveis e ações que envolvam colaboradores e clientes.

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Essas ações podem, inclusive, colaborar para que a empresa cresça e se destaque, já que o mercado consumidor tende a optar por empresas que atuem de maneira ecológica e que possuam certificação pelos órgãos fiscalizadores, como é o exemplo da ISO 14000.

Para uma empresa realizar a logística reversa de maneira eficaz, é necessária a adequação à legislação ambiental.

Implantação da Logística Reversa

A Lei nº 12.305/2010, ao explanar o tema da logística reversa, definiu três diferentes instrumentos que podem auxiliar em sua implantação: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso.

No entanto, para que a logística reversa aconteça, todos os agentes também devem ter incentivos que favoreçam a implantação.

As trasportadoras e os fabricantes precisam ser incentivados pelo próprio governo, com políticas públicas adequadas, e as lojas motivadas pelas empresas. Já o consumidor final deve ser incentivado tanto pelas empresas quanto pelas lojas, além de participar de programas de conscientização que sejam realizados pelo poder público.

Como funciona a Logística Reversa

Para que exista um real funcionamento da logística reversa, é importante que os resíduos estejam em um único local para que seja feita uma coleta otimizada.

Devem ser adicionadas rotas de coleta às rotas de entrega, aproveitando melhor a rotina de entregas, otimizando também a logística reversa.

Existem também mercados especializados onde as companhias buscam tratadores de resíduos, compradores ou geradores. Tudo por meio de um portal unificado de fornecedores e compradores.

Seguindo essa tendência, o conceito de logística reversa também se transformou em uma ferramenta fundamental para a sustentabilidade no setor empresarial.

Etapas da Logística Reversa nas empresas

Para compreender o sistema de logística reversa e o papel dos agentes em cada fase, faz-se necessária a compreensão das fases envolvidas no processo.

  • Tudo começa com o consumidor. Ao devolver o produto ou embalagem, essa destinação deve ser feita diretamente para o comércio ou local de distribuição.
  • O responsável, aqui seja ele comerciante ou mesmo distribuidor, deve remeter o produto ou embalagem para o fabricante. Em casos de produtos importados, deve ser remetido ao importador responsável.
  • O fabricante/importador deve encaminhar o produto ou embalagem para a reciclagem, reuso ou mesmo para o descarte, em locais adequados para cada produto.

Essas fases podem ser aplicadas de duas maneiras para que haja a logística reversa, sendo no período  pós-venda ou, ainda, no chamado período pós-consumo.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, em suas diretrizes, pode-se entender que a logística reversa também se caracterize como uma ferramenta econômica e humana. Esse processo,  que engloba a ferramenta em um conjunto de ações e métodos destinados a possibilitar a coleta e a adequação dos  resíduos sólidos à área empresarial, busca não só o seu reaproveitamento, mas também a colaboração com outros ciclos de produtividade. Portanto, deve ser adotada por empresas em busca de um desenvolvimento sócio-econômico sustentável.

Logística Reversa no Brasil

O Brasil é um pioneiro em legislação ambiental e possui institutos legais que são muito rígidos em relação à manutenção de um ambiente salubre. A Lei 12.305/2010, por exemplo, impõe a fabricantes e distribuidores a obrigação de recolher as embalagens usadas e proporcionar sua destinação correta.

As empresas brasileiras precisaram adequar-se às regras que permeiam a logística reversa, o que fez com que também pudessem, de certa forma, implementar novos mecanismos de reutilização de produtos.

Hoje, não basta somente o fabricante reaproveitar ou remover os resíduos no processo de produção do mesmo. O fabricante e o importador passam a ser responsáveis por todas as etapas existentes durante a vida útil de tais produtos e respectivas embalagens, criando uma vinculação entre os mesmos que deve ser obedecida sob pena de agir fora da lei.

Com esse instituto legal presente, a  logística reversa no Brasil passou a pertencer ativamente nas operações empresariais, que devem prezar por ações com intuito sustentável.

É possível observar também um maior investimento no desenvolvimento de embalagens com material biodegradável, que causem menos poluição, ou mesmo retornáveis ou descartáveis, que promovam a sustentabilidade. Essas ações além de colaborar com o meio ambiente podem ainda ser percebidas no baixo dos custos do processo de industrialização.

O processo industrial ainda precisa conter, para ser sustentável, uma de suas principais falhas, que é o desperdício de materiais. A logística reversa atua como instrumento que possibilita a reutilização desse material e viabiliza uma consciência do descarte adequado.

É possível concluir que, cada dia mais, as empresas brasileiras empenham esforços e tecnologia com o intuito de reintegrar os resíduos nos processos produtivos originais. Tais ações colaboram diretamente para a diminuição das substâncias descartadas no próprio meio ambiente e reduzem de forma significativa o impacto ambiental e o uso indiscriminado de recursos naturais.

Marcelo Pimentel

Formado em jornalismo pela PUC/RJ, há 25 anos atua no jornalismo especializado voltado para alimentos, agricultura e pecuária. Começou em 1995 como repórter na Revista Manchete Rural, onde foi também redator e chefe de reportagem. Fundou a revista Panorama Rural (1998) e o Portal Dia de Campo (2008), no qual publicou mais de 11 mil artigos, entrevistas em áudio e vídeos sobre o assunto.